Bem-vindo ao Blog da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde - Núcleo SP

A Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde trabalha na perspectiva da construção de políticas públicas para a saúde integral sda sociedade brasileira, considerando as epecificidades do povo de terreiro. Sua missão é a luta pelo direito humano à saúde com ênfase nas questões de gênero e raça.

Aqui você encontrará informações sobre as demandas e a atuação das comunidades tradicionais de terreiro no universo da saúde pública. Questões como saúde da população negra, saúde da mulher, humanização, atenção, prevenção e assistência, entre outras, são disponibilizadas aqui por especialistas e lideranças políticas de todo o Estado de São Paulo.

O reconhecimento das comunidades tradicionais de terreiro como núcleos de promoção de saúde e, a releitura de temas como liberdade religiosa, laicidade, o impacto do racismo na saúde, partipação popular, controle social e a necessidade de maior cooperação entre o Estado e as Religiões Afro-Brasileiras são alguns dos pontos que nos mobilizam na busca pela garantia do direito humano a saúde. A Rede é composta dos Sacerdotes, Sacerdotisas e iniciados de diferentes tradições de matrizes africanas em todo o país. Para falar com a Rede, envie e-mail para saudenoterreiro@yahoo.com.br

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segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A intolerância racial*

Carlos Santana
por e-mail

Existe uma confusão entre racismo, discriminação ou preconceito racial. O termo racismo expressa o conjunto de teorias e crenças que estabelecem hierarquia entre as raças, etnias, ou ainda uma atitude de hostilidade em relação a determinadas grupos raciais.. Pode ser classificado como um fenômeno cultural, praticamente inseparável da história humana

A discriminação racial, por sua vez, expressa a quebra do princípio da igualdade, como distinção, exclusão, restrição ou preferências, motivado por raça, cor, sexo, idade, trabalho, credo ou convicções políticas. Já o preconceito racial é o sentimento, favorável ou desfavorável ou seja: é o preconceito imposto pelo meio social, que leva à intolerância.

Nessa perspectiva, existe uma preocupação mundial no combate ao racismo e à intolerância racial, que se manifesta através da realização de múltiplos eventos, nacionais e internacionais, com a participação de entidades governamentais e não governamentais, buscando a união dos povos contra toda forma de racismo, intolerância e discriminação, não apenas como caminho de preservação e respeito aos direitos humanos mais básicos, mas também como medida de minimização e erradicação de revoltas, guerras e conflitos sociais.
Nesse aspecto, deve ser reconhecida a importância de prestar especial atenção a novas manifestações de racismo, discriminação, xenofobia e intolerância conexa a que vêm sendo expostos os jovens e outros grupos vulneráveis (com o recrudescimento do neonazismo, neofascismo e outras ideologias nacionalistas violentas – veiculadas por meios de comunicação (como a /Internet/), males esses que se incluem entre as causas básicas dos conflitos. Inclusive, não podemos ignorar que o desenvolvimento socioeconômico de muitos povos e nações vêm sendo tolhido por conflitos internos generalizados, sem nenhuma medida que favoreça a inclusão e a participação.

Por fim, não podemos esquecer que os problemas da economia mundial e seus aspectos multifacetados, envolvendo o fenômeno da globalização, apresentam, atualmente, inegável influência na gênese o racismo, da discriminação, da xenofobia e da intolerância conexa, merecendo destaque, que o homem conseguiu dominar a característica de captar, desenvolver, acumular e transferir conhecimento; característica que o tornou único no planeta.

Portanto, as diferenças entre os diversos povos, devem-se, aos fatores intrinsecamente raciais. determinante nas diferenças decorrem sobretudo do componente ambiental, conformado
pelas condições da natureza; e do componente cultural, determinado pelas relações sociais. É o que já dizia, nos idos de 1933, o sociólogo Gilberto Freyre em seu Casa-Grande & Senzala,que recebeu o cobiçado prêmio norte americano de “a melhor obra sobre relações inter-raciais”.

A discriminação racial também se soma uma outra, em exponencial
expansão no Brasil, a discriminação social. É cada vez maior no país o número dos despossuídos, dos excluídos,dos privados das condições mínimas de sobrevivência.
Expressões populares de humor duvidoso no Brasil evidenciam o quanto as discriminações racial e social estão incorporadas no imaginário popular, nas famílias, nas escolas e na sociedade, os pais, professores e gestores públicos devem estar atentos para responder adequadamente a esta questão.

Temos uma tradição histórica cínica, dissimulada e atroz para com os
da cor negra. Não bastasse o martírio ocasionado a milhões de africanos, que aqui foram brutalmente humilhados e seviciados, fomos o último dos países a aderir ao fim do sistema escravo nas relações de trabalho.A escravidão foi uma chaga que dilacerou o planeta, sendo até os séculos XVIII e XIX a forma dominante de organização do trabalho.Tão grave quanto à escravidão negra, foi o nazi-fascismo que, originando-se na Europa, logo varreu o mundo, estendendo seus tentáculos pelos continentes, até chegar também ao Brasil.O genocídio contra os judeus ilustra a que ponto pode chegar a atrocidade humana, quando impregnada de dogmatismo religioso ou ideológico

Não há como construir uma sociedade democrática e justa para todos, se nossos conceitos tiverem como parâmetro estrutural a intolerância. A educação é o esteio capaz de assegurar que os educandos de hoje sejam os cidadãos fraternos e progressistas do amanhã.



Carlos Santana é deputado federal pelo PT/RJ e preside a Frente Parlamentar em Defesa da Igualdade Racial.

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