Imprensa - Programa Nacional de DST e Aids
Apesar das recentes discussões sobre a circuncisão como método preventivo do HIV, dos avanços nos estudos de vacinas contra a doença e da polêmica sobre a possibilidade de uso de antirretrovirais antes e depois da exposição ao vírus, a camisinha continua sendo o método mais eficaz de prevenção. A conclusão é de Artur Kalichman, médico e coordenador-adjunto do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids do estado de São Paulo. Kalishman participou de bate-papo ao vivo com internautas na tarde desta terça-feira, 14/04, no “Prevenção na Rede: Fórum Virtual dobre DST/Aids” (http://forum.aids.gov.br).
“Mesmo que todas as tecnologias biomédicas já estivessem disponíveis, ainda precisariam ser associadas ao preservativo”, explicou o médico. Ele também enfatizou que a camisinha é o único método que previne, ao mesmo tempo, doenças sexualmente transmissíveis e gravidez. Na conversa, Arthur esclareceu que a circuncisão já tem eficácia comprovada, mas mesmo assim parcial – cerca de 60%. Além disso, ela só é recomendada em países com epidemia generalizada, que não é o caso do Brasil. “As pessoas tendem a supervalorizar as novas tecnologias”, disse.
O maior número de questionamentos dos internautas foi sobre profilaxia pré-exposição. Não seria mais simples tomar uma droga antes de uma transa do que usar a camisinha? A medida é adequada para casais sorodiscordantes [onde só um deles tem o HIV]? Arthur acredita que as respostas para essas perguntas não são tão fáceis. Mesmo que as pesquisas sobre o uso de medicamentos antirretrovirais antes da exposição sejam bem-sucedidas, os efeitos colaterais dos remédios não podem ser esquecidos.
Em relação à profilaxia pós-exposição, ele defendeu a ação da maneira como já é adotada no Brasil – em casos de violência sexual e acidentes de trabalho. José Andrade, do Rio de Janeiro (RJ), sugeriu o uso dos antirretrovirais como uma espécie de pílula do dia seguinte, mas o médico condenou a prática. “Como o vírus se instala rapidamente, a pessoa teria que andar com um comprimido no bolso. Não seria uma opção confortável”.
A vacina anti-HIV foi o questionada pela internauta Anita, de Ubatuba (SP): “é uma utopia?”. Arthur foi otimista. “As grandes vitórias na saúde pública vieram com vacinas. Temos que torcer para que dê certo”. A seu ver, isso não aconteceu ainda porque o HIV é um vírus muito complexo – modifica-se rapidamente e ataca o sistema imunológico do indivíduo. Outro fator associado a esse atraso é o baixo investimento dos laboratórios privados na área, hipótese levantada por Dimas, de Garanhus (PE). “Com certeza a indústria farmacêutica investe mais no desenvolvimento de novas drogas”, confirmou Kalichman. Ele sabe os medicamentos dão mais retorno financeiro, principalmente porque são contínuos.
O coordenador-adjunto do CRT/SP finalizou sua participação afirmando que a tendência é que as novas tecnologias sejam utilizadas de forma específica, e não em larga escala – como o preservativo. Ele também elogiou o debate do tema no fórum. “É bom que essa discussão aconteça para que a sociedade pense desde já nos prós e contras das novas formas de prevenção do HIV”.
Mais informações:
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